Influenciador viraliza ao treinar apenas um lado do trapézio; ortopedistas alertam para riscos da prática
Médicos condenam a prática de treinar apenas um lado do corpo, independentemente do grupamento muscular em questão. Influenciador viraliza ao treinar apenas ...

Médicos condenam a prática de treinar apenas um lado do corpo, independentemente do grupamento muscular em questão. Influenciador viraliza ao treinar apenas um lado do trapézio; ortopedistas alertam para riscos da prática Reprodução/Redes sociais Treinar para ficar menos atraente fisicamente? Ir contra a tendência popular da busca pela aparência perfeita por com hábitos rigorosos? Isso pode parecer estranho, mas tem gente viralizando nas redes sociais com este tipo de comportamento. Um americano de 19 anos está chamando a atenção por treinar apenas um lado do trapézio há cerca de quatro meses. O jovem usa um perfil com o nome ‘O Homem Torto (The Crooked Man) e diz que, enquanto todos querem maximizar o visual, ele quer minimizar e a melhor forma que encontrou para isso foi deixando o corpo assimétrico. O influenciador chama a prática de "LooksMinimizing", uma paródia da tendência da internet "LooksMaxxing", que promove a auto otimização física extrema. The crooked man Reprodução Ortopedistas ouvidos pelo g1 condenam absolutamente a prática de treinar apenas um lado do corpo, independente do grupamento muscular em questão. 👎 No caso do influenciador, este tipo de treino pode causar problemas como: Desalinhamento postural, com um ombro mais elevado que o outro Sobrecarga nas articulações do ombro e pescoço, levando a dores ou inflamações Redução da mobilidade e do desempenho funcional em ambos os lados do corpo Maior risco de lesões, especialmente em atividades que envolvem esforço assimétrico. “A questão vai muito além da estética. Isso pode trazer um prejuízo funcional para esse paciente e inclusive problemas mais sérios, como tendinopatias (degeneração de um tendão, caracterizada por dor, inchaço e comprometimento da função), quadro de osteoartrose (doença articular degenerativa crônica caracterizada pelo desgaste da cartilagem que reveste as articulações). E a médio e longo prazo, as consequências podem ser extremamente impactantes de uma forma negativa”, destaca o diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC), Jean Klay. É possível reverter a aparência em casos assim? Se durante o processo de desalinhamento o paciente não tiver usado alguma droga para provocar a hipertrofia, na teoria, a reversibilidade da aparência e da função muscular anterior seria possível, segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE), Sandro da Silva Reginaldo. Mas, para isso, seria necessário diminuir a carga na musculatura que está hipertrofiada, aumentar a carga na musculatura contralateral e trabalhar o realinhamento da postura do paciente, especialmente da coluna cervical e coluna torácica, explica Klay. O objeto é buscar um reequilíbrio dos grupos musculares para que as consequências do desvio não sejam trágicas para o paciente. Quando um paciente passa por uma cirurgia ou sofre um paciente, é comum haver uma hipotrofia muscular (diminuição do tamanho e da força dos músculos) do lado acidentado, lesionado ou operado. Por isso, durante a fase de reabilitação, em busca do reequilíbrio muscular, é fortalecido o lado que estava anteriormente doente ou paralisado. Trabalhar somente um lado do trapézio pode levar a inflamações crônicas? Sim. Qualquer sobrecarga pode levar a processos inflamatórios. Segundo Klay, essas inflamações e sobrecargas, dependendo da duração nos tendões, tendem a ser crônicas. “Quando você propositadamente treina mais um lado do corpo do que o outro, você quebra toda uma harmonia e gera um desequilíbrio muscular. Na verdade, não é só a região do trapézio, mas envolve o pescoço, a região cervical, a articulação do ombro e até mesmo do cotovelo que está embaixo”, acrescenta o diretor da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE), Sandro da Silva Reginaldo. Essa sobrecarga pode gerar necessidade de cirurgia no futuro? Sim. A sobrecarga na articulação do pescoço praticada pelo influenciador e o exercício físico feito de maneira inadequada pode levar a necessidade de intervenção cirúrgica no futuro, mesmo que o paciente não tenha uma lesão prévia. “É sempre importante ressaltar que o esporte é muito importante. A atividade física é muito importante para manter a saúde, mas é importante que se faça de uma maneira adequada, de uma maneira racional”, defende Reginaldo. LEIA TAMBÉM: Chiclete para definir mandíbula funciona? Entenda quais os riscos da 'harmonização facial natural' Homem faz procedimento para alterar cor dos olhos de forma permanente e viraliza; prática não é recomendada e traz riscos ao paciente Jovem que sofreu amputações e AVCs viraliza no TikTok Hidroginástica pode ser um aliado na perda de peso e redução de medidas